COMO A FADIGA AFETA O SEU DESEMPENHO EM PROVAS DE LONGA DURAÇÃO?
Quais variáveis de performance são afetadas após corridas de maior duração?
A corrida de longa distância é um desafio que testa não apenas a resistência física, mas também a capacidade do corpo de manter a eficiência ao longo do tempo. O estudo de Zanini e sua equipe, publicado no Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports em 2025, investigou como corridas prolongadas de 90 e 120 minutos afetam os principais determinantes do desempenho em maratonistas bem treinados. Este estudo oferece insights valiosos para corredores e treinadores que buscam entender melhor os efeitos da fadiga prolongada.
Para explorar essa questão, os pesquisadores recrutaram quatorze maratonistas bem treinados, com tempos médios de maratona de 2 horas e 46 minutos. Os participantes foram submetidos a três sessões de teste: uma em estado não fadigado, outra após uma corrida de 90 minutos e a última após uma corrida de 120 minutos. Durante essas sessões, foram medidos o consumo máximo de oxigênio (VO2max), a economia de corrida (RE) e a velocidade no limiar de lactato (sLT).
Os testes foram realizados em um laboratório com condições controladas, onde os testes foram realizados em uma esteira a uma velocidade fixa, correspondente a 10% acima do limiar de lactato. Durante as corridas, gases respiratórios foram coletados a cada 15 minutos para avaliar a economia de corrida. Após as corridas, os participantes realizaram testes incrementais para medir o VO2max e outros parâmetros fisiológicos.
Os resultados mostraram que o VO2max diminuiu significativamente após 90 e 120 minutos de corrida, com reduções de 3,1% e 7,1%, respectivamente. A economia de corrida também se deteriorou, com uma alteração de 4,2% após 90 minutos e 5,8% após 120 minutos. A velocidade no limiar de lactato diminuiu de forma não linear, sugerindo que a capacidade de manter a velocidade diminui com o tempo de corrida.

A discussão dos autores destaca que essas mudanças nos determinantes do desempenho têm implicações significativas para a corrida de longa distância. A diminuição do VO2max e a deterioração da economia de corrida indicam que a capacidade de manter um esforço submáximo se torna mais difícil à medida que a corrida se prolonga. Isso pode afetar a estratégia de corrida, especialmente em maratonas, onde a gestão da fadiga é crucial para o desempenho.
Os autores também sugerem que a capacidade de minimizar essas mudanças fisiológicas durante a corrida prolongada pode ser um determinante independente do desempenho, conhecido como "resiliência" ou "durabilidade". Essa capacidade de resistir à deterioração fisiológica pode ser treinada e melhorada, oferecendo uma nova perspectiva para o treinamento de resistência.
Além disso, o estudo ressalta a importância de estratégias de treinamento que visem melhorar a durabilidade dos corredores. Isso pode incluir o treinamento de força, que já demonstrou melhorar a economia de corrida e o desempenho em condições de fadiga. A compreensão dessas dinâmicas pode ajudar técnicos e atletas a desenvolverem programas de treinamento mais eficazes, que considerem não apenas a capacidade aeróbica, mas também a resistência à fadiga.
Em conclusão, corridas prolongadas podem afetar os determinantes fisiológicos do desempenho em maratonistas bem treinados. As descobertas destacam a importância de considerar a resistência como um fator chave no treinamento e na estratégia de corrida. Para corredores e profissionais do esporte, isso significa que o foco deve ser não apenas em melhorar o VO2max, mas também em desenvolver a capacidade de manter o desempenho sob condições de fadiga prolongada.
Referência Bibliográfica:
Zanini, M., Folland, J. P., & Blagrove, R. C. (2025). The Effect of 90 and 120 Min of Running on the Determinants of Endurance Performance in Well-Trained Male Marathon Runners. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 35, e70076.
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